quarta-feira, 11 de junho de 2014

Da minha janela

Sabe, eu fico olhando ali pela janela do meu quarto a vida que passa. A vida que se vai sem eu perceber.
Vejo o sol que chega  mansinho de manhã e numa explosão sem tamanho me aquece durante o dia inteirinho.
Vejo a lua linda reinando na noite. Me sinto triste,  sufocada.
Tudo isso na minha janela.
Sabe, eu ali sentada na minha cama, olhando pelas frestas da minha persiana já amarelada pelo tempo e gasta pela força que meus dedos fazem pra eu sondar: a vida que passa só em frente da minha janela.

Eu que sei de tudo. Às vezes acho que esse tudo não é nada.
Sei da senhorinha que todo dia passeia as 6:47 da manhã com sua cachorrinha branca com manchas marrons. Sei também do casal que desce abraçadinhos de uniformes pretos e detalhes em bordados. E daquele moço bonito que caminha todas as terças e quintas.
Sei de tanta coisa.  Vivo aqui nessa minha janela à espera.
Sempre na espreita. Vivo aqui ou melhor não vivo não.  Ando sendo espectadora de mim mesma. Ando sendo narradora de muitas histórias.  Mas nunca da minha. Nem escrever a vida eu ainda sei. Sei sim de muitas coisas,  coisas quais você nem imagina. Mas saber, hoje, pra mim não significa coisa alguma. Saber não me tira da janela.
Quero sim eu pular essa janela. Quem sabe ficar ali no pára peito por horas observando,  medindo meus passos.
Quero sim rasgar essa persiana que me faz só olhar em metades. Quero sim, ser por inteira.
Quero sim, saber de tudo. Mas, quero muito mais viver de tudo.
Ser a roteirista,  a protagonista,  a coadjuvante o contra regras, figurinista do meu próprio filme.
E se eu errar? E se eu chorar?
Sem problemas,  filmes são assim, feitos aos muitos,  hoje é ação,  amanhã é suspense e quem sabe um dia aquele romance água com açúcar.
E minha janela agora caminha comigo. À ela presa eu não fico mais.

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